Nascida em Avignon, sul de França, no ano de 1947, Mireille Mathieu é filha de um operário, Roger e da dona-de-casa Marcelle, que enfrentaram grandes dificuldades económicas para criar os seus catorze filhos. Esta família viveu durante anos numa modestíssima casa de madeira, sentindo na pele o rigor do inverno e da chuva, que atravessavam as frágeis paredes. Mesmo quebrando pedras (literalmente), Roger, seu pai, alimentava o sonho de poder cantar, visto que possuía uma bela voz de tenor. Neste ambiente, Mireille cresceu e herdou o talento musical do pai. Aos quinze anos, Mireille e sua família conseguiram um apartamento de cinco assoalhadas e ela pôde, enfim, tomar um banho quente e decente. Segundo ela mesma, este foi o dia mais feliz de sua vida. Até então...
Grande admiradora de Edith Piaf, Mireille cantou em público pela primeira vez aos quatro anos. Porém, para se tornar uma grande estrela internacional, não bastava apresentar-se para a família e os amigos, que a apelidaram “la vie en rose“, por motivos óbvios. Enquanto estudava canto e ouvia atentamente os conselhos da professora Laure Collière, Mireille trabalhava duro numa fábrica de envelopes. Aos dezoito anos, em 21 de novembro de 1965, participa num concurso de caloiros, no programa Télé Dimanche. O público prefere outra candidata, mas, para sorte de Mireille, o empresário Johnny Stark assiste à apresentação e aposta em Mireille. O seu primeiro disco, em 48 rotações, vendeu mais de um milhão de cópias, com as músicas mon credo, c’est ton nom, qu’elle est belle e le funambule.
Com uma ascensão meteórica da sua carreira, Mireille participa em programas de televisão nos Estados Unidos e apresenta-se no Olympia, em 1967. O Instituto Francês de Opinião Pública, na época, pesquisou junto do público e declarou Mireille como a cantora preferida do povo francês. Em 1968, Mireille esteve no Brasil e apresentou-se na TV Record, como uma menina-prodígio, uma revelação da música francesa, que seria a sucessora de Edith Piaf, imagem que ela gradativamente foi eliminando, ao adquirir personalidade própria. Desde então, Mireille não voltou a apresentar-se no Brasil, apesar de lançar novos discos, cada vez vendendo mais. Hoje, Mireille já provou sua qualidade superior e tornou-se a embaixatriz da cultura francesa ao redor do mundo. Os seus fãs espalham-se da China ao Brasil, incluindo a antiga União Soviética. Frequenta os palcos sofisticados de Monte Carlo e tem a humildade de se curvar diante de sua musa, Piaf e do Papa João Paulo II, com quem se encontrou recentemente.
terça-feira, 16 de outubro de 2007
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