"O grande estadista Péricles, cuja personalidade marcou todo o século V antes de Cristo, a ponto de este ficar conhecido como o Século de Péricles, compreendeu bem a missão do professor como forjador da personalidade e da consciência dos povos.
Certa ocasião, mandou reunir todos os génios e artistas que tinham contribuído para o engrandecimento de Atenas. Foram chegando os arquitectos, os engenheiros, os escultores, os guerreiros que defendiam a cidade, os filósofos que propunham novos sentidos para a vida... Todos ali estavam, desde o matemático que descobria no número o sentido helénico da exactidão até ao astrónomo que se debruçava sobre o universo, a fim de contemplar a harmonia das estrelas. Péricles reparou numa ausência notável: faltavam os pedagogos, pessoas muito modestas, encarregadas de guiar as crianças pelos caminhos da aprendizagem.
- Onde estão os pedagogos? - perguntou Péricles. - Não os vejo em lado nenhum. Ide buscá-los.
Quando, por fim, chegaram os pedagogos, Péricles disse:
- Já aqui estavam os que, com o seu esforço e perícia, transformam, embelezam e protegem a cidade. Mas faltáveis vós, que tendes a missão mais importante e elevada de todas: a de transformar e embelezar a alma dos atenienses."
(GUERRA, Miguel Ángel Santos. No coração da Escola, Colecção CRIAP, Edições ASA, Lisboa, 2003)
1 comentário:
Um belo texto de pedagogia, a primeira actuação neste "palco do saber".
Aplausos!
Um grande abraço deste teu amigo!!
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